Deserto


No deserto de uma folha em branco faço-me por inteiro: Canto com os cantos infinitos brancos, que de tão brancos silenciam ventos - tempestades de areia em um coração de andarilho. Quando fecho meus olhos, me faço sombra em um sombrio deixe estar. Meu nome talvez jamais seja sussurrado, mesmo sendo o vento do meu deserto infinito. Sinto o cheiro de nada que se aproxima de mim, as palavras não fazem sentido, mesmo sendo eu e uma suposta amada nativos silenciosos desse deserto preenchido liricamente por uma folha em branco.
autororia: "Marcos"

(auto biografia) entre parentêses PARTE XV


Continuando... (O telefonema)

Quando ele entrou na cela, (com aquela "cara de pau" como quem não sabia o que estava acontecendo) entreguei o telefone na mão dele com cara de poucos amigos é claro, e ele ainda me perguntou:
- O que foi?
- Toma ai atende, é sua esposa.
Ele pegou o telefone da minha mão e perguntou quem estava falando, o volume do auto-falante era tão auto que eu pude ouvir o que ela respondeu:
- Sou eu amor.
- Eu quem? (disse ele sendo irônico)
- Vai me dizer que não reconhece minha voz amor? (por sinal ela tinha uma bela voz)
- Eu já não disse a você para não ficar me ligando? Sou casado, amo minha mulher e tenho um filho com ela. Por quê você ainda insiste? (aiii que cara de pau! Tive vontade de meter um tapa na cara dele).
A ligação caiu, ou ele desligou sei lá, e ela não retornou. Começamos a discutir, e é claro, ele tem uma lábia muito boa, e eu que era uma tonta... cai como um patinho.
Ele me disse que não tinha nada com ela, que já havia dito a ela que era casado mas ela continuava insistindo, então eu perguntei:
- Peraí, mas como ela conseguiu o seu numero? Ele me respondeu que ela era irmã da mulher de um amigo de cela, e que tinha ligado um vez para passar um recado por isso tinha o número.
É claro que eu acreditei, era mais cômodo pra mim acreditar nele, e outra eu não à conhecia.
Então acabei por acreditar nele, fui burra eu sei, e acreditem essa história do telefonema não acabou por aí, ainda tem muito pano pra manga.

Continua...


NOTA DA SEMANA:

Barbeiro:

  1. s.m.:
    indivíduo que barbeia por profissão; fig., indivíduo que não é hábil na sua profissão;
  2. Brasil:
    mau condutor de automóveis; curandeiro; vento forte e frio que irrita a pele e que dá a sensação da navalha na cara.

Bom! gente sublinhei o significado que melhor se encaixa na minha condição, sábado a caminho do meu trampo cometi tamanha barberagem, pois é, logo eu que me julgo a 'piloto' e depois de tantos anos dirigindo, pela primeira vez causei uma batida.

Isso mesmo, talvez seja exagero dizer batida, apenas dei uma encostadinha na traseira do golzinho G3, juro.

Saldo da falta de atenção no transito R$ 600,00 do concerto do carro do cara + R$ 500,00 do concerto do meu, agora saber que nessas horas temos amigos a quem podemos contar não tem preço. Para todas as outras existem, financiamentos, crédito pessoal, cartões de crédito, adiantamento de 13º salário entre outras, rsrsrs.


(auto biografia) entre parentêses PARTE XIV

Continuando...

Minha vida se resumia a uma semana vazia e um fim de semana cheio de ilusão, sempre ficava na expectativa de que a próxima visita seria melhor (achava que o erro estava em mim, com isso procurava sempre dar o meu melhor), mas quando chegava a visita, por mais que eu tivesse me esforçado para ser melhor, era a mesma coisa, a mesma rotina de sempre.
Isso me frustrava cada vez mais, sempre achava que eu não estava sendo boa o suficiente para ele (vivia me indagando... Onde estou errando meu Deus? E a resposta estava clara "bem na minha cara" e eu não a enxergava).
Com certeza o erro estava mesmo em mim, estava na minha maneira de pensar, em me achar insuficiente. Se eu mesma não conseguia enxergar meu potencial, quem o enxergaria?
Um certo dia eu estava na visita, (como sempre sozinha, pois ele estava fora da cela "sabe-se lá Deus" fazendo o que) quando o telefone tocou, (Sim! você leu certo "telefone" ... existem vários lá dentro, isso todo mundo já está careca de saber) e como ele não estava lá, eu atendi...
- Alô, com quem a senhora gostaria de falar? (Era uma mulher)
- Por favor chame o "fulano de tal". (esse fulano de tal é meu marido, comecei a tremer nessa hora, mas procurei manter o sangue frio)
- Ele não está por aqui agora, e eu não posso chama-lo.
- Quem é você? (ela me perguntou com um tom de ironia)
- Sou a esposa dele, por quê? (quando eu disse isso ela deu uma rizadinha sarcástica)
- Ah! você também é esposa dele flor? Engraçado achei que ele era só meu. (ai meu sangue subiu)
- Você quer falar com ele? Espera aí que eu vou chama-lo ta.
Eu abri a porta da cela (uma atitude que é proibida, por uma lei imposta pelos próprios presos, talvez para encobrir as tantas sem-vergonhices que há em dia de visita, nenhuma mulher pode sair da cela se não estiver acompanhada por seu marido), avistei um preso no qual eu sabia o nome, então eu o chamei (precisavam ver cara dele quando me viu chamando por ele, ficou em choque), ele veio em minha direção, mas manteve distância pois estava com medo. Então eu disse a ele que chamasse o fulano de tal "meu marido", pois a esposa dele estava no telefone (agora imaginem a cara dele que já era de susto, ficou pior ainda).
Entrei novamente na cela, peguei o telefone e disse a "esposa nº2" que ele já estava vindo e ela ainda me agradeceu.
continua...



(auto biografia) entre parentêses PARTE XIII

Continuando...


Saia de S.Paulo na sexta e voltava só no domingo por volta das 22:30, isso quando não acontecia nenhum imprevisto no caminho de volta, (como os problemas mecânicos no ônibus que eram frequentes) quando isso acontecia, na maioria das vezes, chagavamos em SP com horas de atraso, muitas vezes até os ônibus já haviam parado de circular, conclusão... não tinha possibilidade de chegar em casa. Teve uma vez que eu cheguei só na segunda de manhã, sem contar a vez que eu fui a pé pra casa, pois quando cheguei no ponto para pegar o ultimo ônibus, ele não parou pra mim "acho que o motorista assim como eu, estava cansado e com pressa de chegar em casa", neste dia eu fui caminhando até a minha casa, mais ou menos uma hora e quarenta minutos andando com bagagem pesada e tudo mais "tinha que andar se não dormiria na rua".
Mas nada disso era tido com um sacrifício por mim, achava difícil mas isso não era o bastante, não tinha o que me impedisse, a vontade de ir vê-lo era muito maior do que qualquer obstáculo. Findava-se a semana e a jornada começava novamente.
O fim de semana era sagrado, visita no sábado, visita no domingo "coitadinho do meu filho, ele nem sabia o que era um domingo no parque, pelo menos não comigo, as vezes quando ele saia era sempre com os outros e nunca comigo". Eu estava cega, só pensava no pai do meu filho e porta de cadeia, e nem se quer enxergava que ele não estava correspondendo a esse amor todo que eu estava dedicando a ele (por incrível que pareça até da comida que eu preparava pra ele com tanto carinho ele reclamava, sempre tinha um defeito pra colocar), não me dava a atenção que eu merecia na visita, e muitas vezes ele passava a maior parte dormindo, isso quando ele não saia da cela e me deixava sozinha.
E eu é claro optava pelo famoso "DR" (... discutir a relação), queria que ele reconhecesse o meu sacrifício (mas como ele poderia reconhecer um sacrifício que nem eu mesma reconhecia?), queria que ele me desse mais valor, mas eu mesma não me valorizava, é claro que o tal do "DR" sempre acabava em briga, e eu sofria horrores com isso. Vivia me sentindo menosprezada, um "lixo", auto-estima? isso pra mim não existia, nem se quer sabia seu significado.
continua...

(auto biografia) entre parentêses PARTE XII

continuando...


O tempo passava e eu nada de acordar, mais um ano se foi e nenhuma mudança em minha vida. Ainda vivia pra ele, tudo que eu fazia era sempre pensando única e exclusivamente nele, não tomava se quer uma atitude se não fosse para algum benefício relacionado a ele.
Tanto que consegui o emprego dos meus sonhos (*** Naquela época era sonho), trabalhar no ônibus da excursão da cadeia, muito cômodo não é mesmo? Unir o útil ao agradável, assim com esse emprego eu iria visita-lo na prisão sem pagar passagem e hospedagem, ainda por cima ganhava um troquinho pra me ajudar nas despesas.
Com isso fiquei me sentindo realizada, (*** mais uma vez quero deixar bem claro que isso foi à mais ou menos uns cinco anos atraz, de lá pra cá muita coisa mudou... mas ainda não cheguei nesse capítulo... aguardem) então minha vida era só excursão pra cadeia, não pensava em mais nada, e meu filho coitado ficava sempre de lado, não tinha dia das mães, aniversário, dia das crianças, natal, etc e tal. Se a data caísse em dia de visita podia me esquecer.
Minha família já nem me criticava mais, se cansaram de perder tempo tentando abrir meus olhos.
Parecia que estava tudo indo bem ao meu ponto de vista, todo fim de semana era aquela mesma rotina de sempre, arrumava minhas malas (que por sinal não eram nada nada leves, pois além de roupas, tinha também o sagrado jumbo*, e comidas prontas que eram o que mais pesava), quando cruzava o portão de minha casa, todos já sabiam pra onde eu ia (e acho que pensavam "lá vai a burrinha de carga"). Era um sacríficil carregar tantas bagagens com apenas duas mãos, e naquela época nem carro eu tinha, ia até o ponto de ônibus, quando o ônibus chegava eu tinha que pedir para o motorista abrir a porta traseira, pois era impossível passar pela roleta com tantas tralhas. Dai depois era uns vinte minutos até a estação do trem, descia do ônibus e lá vai a burrinha de carga outra vez embarcar toda a bagagem no trem, cinco estações depois descer do trem e fazer baldeação para o metrô, ir até a estação da Sé pra novamente fazer a ultima baldeação, o maior problema era descer do metrô na Sé, pois era eu querendo sair e o povo entrando e me empurrando de volta (já aconteceu de eu não conseguir desembarcar na Sé, e descer na próxima estação e pegar o metrô de volta pra Sé), depois da última baldeação enfim chego a "Estação Carandiru" é de lá que saem os ônibus pra diversas penitenciarias do interior.(isso ainda com toda a minha muamba tudo em ordem, ufaaa), mas não termina ai o sofrimento não, apenas uma etapa que foi cumprida, agora sim é que vai começar a luta, tinha que rapidamente guardar minhas coisas no ônibus, pois a partir dai começava o meu trabalho, organizar passageiros, conferir e colocar números nas bagagens... E mais ou menos uma hora e meia depois, o buzão partia do Carandirú rumo ao interior, mais ou menos umas sete horas de viajem.

continua...


* Jumbo é o nome dado pelos presos aos alimentos que as famílias levam em dia de visita.
ps: Mas na minha opinião deveria se chamar Chumbo, pois é pesado pra burro. rsrs

Eleição... "Da POLUIÇÃO visual para a POLUIÇÃO sonora"

Isso é o cúmulo do absurdo, agora os políticos entraram na onda do funk. Isso é a prova de que pra eles o povo não passa de um bando de "ignorantes", e fazendo um trocadilho na música de funk fica fácil de decorar seu maldito número. É bem simples, na hora de votar, o "eleitor ignorante" vai se lembrar da músiquinha do créu e votar no Manuel. Isso é patético cara, acho que nós eleitores deveríamos exigir o mínimo de respeito de nossos governantes, se não daqui a pouco vamos ter a mulher melancia como presidente do Brasil.
Sem contar que isso se tornou uma poluição sonora, acho que passaram dos limites literalmente, pois o volume é tão alto, que por onde o carro de som passa, ninguém consegue ouvir mais nada além do funk eleitoral gratuito.
Pior de tudo é que a tal música entra lá dentro dos neuronios, e sem você querer ela fica tocando lá dentro por horas.
Ainda não sei em quem eu vou votar nessas eleições, mas de uma coisa pode ter certeza, no Manuel do Créu** definitivamente é que não vai ser.
Fico me perguntado aonde iremos parar com essa política "chinfrim" na qual o eleitor nada mais é do que um marionete nas mãos de políticos corruptos***, que só pensam em engordar contas bancárias fantasmas em paraísos fiscais, com o dinheiro desviados de verbas públicas ou de obras super facturadas.
No meu bairro mesmo, inauguraram um novo semáforo. Mas a questão é que o semáforo foi colocado em um cruzamento que quase não há movimento de veículos, daí o povo fica se perguntando: - Por quê será? Será que talvez seja para os pedestres atravessarem com mais segurança? Ou por quê querem um trânsito melhor? N Ã O, a resposta para essa pergunta é outra pergunta: - Quanto será que custou para os cofres públicos esse semáforo inútil? Será que toda a verba solicitada foi realmente usada nesta obra? Ou será que... sei lá quantos % dela esta em um paraíso fiscal?
São perguntas como essa que vivem sem respostas. E talvez se nós eleitores cobrassemos mais por um governo transparênte, por uma política mais respeitável, o nosso país não estaria do jeito que esta, e nem com essa política de baixo nível.
Bom eu sei que se cada um fizer a sua parte, juntos acabaremos com essa pouca vergonha em que se encontra a política do nosso Brasil.
Do que adianta o voto ser obrigatório se o povo vota por votar, muitas vezes vai a urna sem ao menos saber o número de seu candidato, digita qualquer tecla e vai pela sorte. Sou a favor no voto não obrigatório, pois assim só vai as urnas quem quer e realmente sabe em quem votar.
Enfim, a minha parte eu irei fazer...
... E você fará a sua?
** É claro que Manuel do créu é um nome simbólico, mas acreditem a política do funk eleitoral gratuito é muito verdadeira, por mais absurda que pareça.
*** Sem querer generalizar, sei que há também políticos honestos afim de lutar pelo bem do povo, o mundo não pode estar totalmente perdido não é mesmo? Eu ainda tenho esperança no meu Brasil.
obs: Gente desculpe pelo post sobre política, sei que isso é chato pra c........, mas é um assusto que deve ser debatido e principalmente pelos jovens, isso não é coisa só de velho, temos nossa opinião e temos que ser respeitados, pois somos o futuro dessa nação. Deixem seu espírito político aflorar!!